Correios de ao menos 15 países suspendem encomendas para os EUA por tarifa de Trump; entenda
Fonte: O Globo
O serviço postal da Nova Zelândia anunciou nesta segunda-feira a suspensão
da maioria dos envios para os Estados Unidos. Na sexta-feira, foi a vez da
transportadora internacional DHL se juntar a outros correios ao redor do
mundo ao impor restrições temporárias ao envio de pacotes de pequeno valor
para os EUA, em razão da ordem executiva do presidente Donald Trump que
elimina a isenção de tarifas sobre produtos importados de até US$ 800.
Com isso, correios nacionais e operadores de transportes de ao menos 15 países
da Europa e da Ásia, entre eles França, Reino Unido, Japão, Índia e Cingapura
já suspenderam, ao menos parcialmente ou de forma temporária, o envio de
remessas de pequeno valor para os EUA em meio a dúvidas sobre como será,
na prática, a cobrança da nova tarifa.
A partir da próxima sexta-feira, dia 29 de agosto, acaba a chamada isenção de
"minimis", que se aplicava a mais de 4 milhões de pacotes que entram nos EUA
todos os dias, impulsionados em grande parte pelo comércio eletrônico. Essa
isenção existia desde 2016.
Sob o novo regime de tributação, que começou em maio com encomendas de
baixo valor enviadas de China e Hong Kong, as mercadorias estarão sujeitas a
tarifas e às regras de conformidade da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos
EUA (CBP, em sua sigla em inglês), medida semelhante à "taxa das blusinhas"
adotada no Brasil.
Presentes comprovadamente avaliados em menos de US$ 100 continuarão
isentos de tarifas, segundo a Casa Branca.
Confira, abaixo, a lista de países cujos serviços postais nacionais ou grandes
operadores privados já anunciaram a suspensão parcial do envio de
encomendas aos EUA:
Europa
· Alemanha
· Áustria
· Bélgica
· Dinamarca
· França
· Noruega
· Reino Unido
· República Tcheca
· Suécia
Ásia
· Cingapura
· Coreia do Sul
· Índia
· Japão
Oceania
· Austrália
· Nova Zelândia
Por que o envio de remessas foi suspenso?
Segundo Sebastian Kummer, diretor do Instituto de Gestão de Transporte e
Logística da Universidade de Economia e Negócios de Viena, as empresas
suspenderam os envios porque há muitas incertezas sobre como será a aplicação
das taxas e elas temem custos relacionados como, por exemplo, armazenagem
ou devolução das remessas, caso a Alfândega dos EUA não aceite os pacotes.
As interrupções do envio de encomendas aos EUA anunciadas pelos serviços
postais é resultado direto de uma das disputas na guerra comercial,
especificamente a tentativa de fechar uma brecha que permitia, sobretudo, a
varejistas chineses venderem seus produtos diretamente a consumidores nos
EUA sem custos adicionais.
Em um comunicado sobre a suspensão, a DHL atribuiu a decisão a “questõeschave”
que permanecem sem solução desde que Trump assinou sua ordem
executiva no mês passado. Entre essas questões estão “como e por quem as
tarifas alfandegárias serão cobradas no futuro, quais dados adicionais serão
exigidos e como será realizada a transmissão desses dados à Alfândega dos
EUA”, disse a empresa no comunicado.
Com grandes varejistas de e-commerce como Shein e Temu vendendo a clientes
americanos, a China era a origem de grande parte dos mais de 4 milhões de
pequenos pacotes importados diariamente sem tributação pelos EUA — Foto:
Bloomberg
Mais burocracia
Além de não terem custo de importação, os pacotes classificados como
"minimis" são práticos porque podem ser enviados sem qualquer
documentação alfandegária — algo que mudará com as novas regras.
As suspensões postais podem levar a um enorme acúmulo de pacotes,
semelhante ao observado quando o governo Trump fechou brevemente a
brecha para pacotes vindos da China continental e de Hong Kong, no início
deste ano.
Com grandes varejistas de e-commerce como Shein e Temu vendendo a clientes
americanos, a China era a origem de grande parte dos mais de 4 milhões de
pequenos pacotes importados diariamente sem tributação pelos EUA. O valor
médio desses pacotes é pouco acima de US$ 50, e o uso da brecha cresceu
depois que Trump aumentou tarifas sobre produtos chineses em seu primeiro
mandato.